No momento em que vos escrevo, encontro-me na biblioteca municipal da minha cidade. Adoro bibliotecas. Sempre adorei.
No meu caso, a leitura teve um papel determinante.
O português não foi a primeira língua que aprendi na escola. Filha de pais emigrantes em França, na minha altura e no local onde residia, não tive acesso a aulas de português. Obviamente, ouvia os meus pais falarem a língua em casa e compreendia-os. Mas falar… nem por isso. O meu sotaque era por demais hilariante e envergonhava-me.
Só quando tive de regressar a Portugal para, precisamente, me integrar no sistema de ensino a tempo de “salvar a pátria” é que comecei a estudar a língua a sério.
Contudo, já trazia comigo uma ferramenta que muito me ajudou: a leitura!
Desde muito pequena que leio (em sentido figurado, seria correto dizer que “devorava” livros).
Quando vim para Portugal, transferi esse gosto para a língua portuguesa (ainda me lembro de passar umas férias de verão a ler Os Maias de Eça de Queiroz com o dicionário de português a meu lado). Apaixonei-me pelo português, pela sua fonética nasalada e pela literatura portuguesa.
Lê-se cada vez menos?
Será sempre difícil quantificar o que se lê. Publica-se mais, compram-se mais livros, há mais utilizadores nas bibliotecas; quererá isso dizer que se lê mais e melhor? Não creio. Penso que não cometo uma infração se afirmar que a qualidade do que se lê deixa a desejar. Opinião minha.
Há muito que andava para escrever este artigo. Hoje é o dia! O dia de vos convencer a ler mais e melhor… A ler para além das publicações do Facebook ou do Twitter, e das legendas das séries Netflix.
Alguns benefícios mais tangíveis do que outros, é certo, mas não faltam argumentos a favor da leitura!
Os Benefícios da Leitura
- Exercita o cérebro e a memória: são várias as evidências científicas que demonstram o benefício da leitura na estimulação do cérebro e, por conseguinte, na prevenção da doença de Alzheimer.
- Melhora as capacidades cognitivas: sobretudo a concentração e a atenção, pois, enquanto lemos, o “multi-tasking” não é possível.
- Acrescenta conhecimentos: a leitura permite-nos aprender e desbravar temáticas desconhecidas. Quanto mais conhecimentos temos, mais facilmente enfrentamos e contornamos desafios.
- Acrescenta vocabulário: ao ler, aprendemos ou reaprendemos palavras novas ou esquecidas, ampliamos o nosso idioleto e, por conseguinte, o nosso mundo.
- Melhora a produção escrita: se aumenta os conhecimentos e o vocabulário, inevitavelmente, melhora a redação, nomeadamente, a correção ortográfica.
- Diminui a ansiedade e o stress: a “desconexão” e a “viagem” proporcionadas pela leitura faz com que os nossos níveis de ansiedade diminuam.
- Desenvolve o sentido crítico: a leitura leva-nos a sintetizar pormenores e a melhorar a capacidade de análise.
E se não gosta de ler?
Ouço frequentemente a frase “não gosto de ler”…
Se depois de apresentar todos os argumentos acima, ainda não vos consegui “converter”, ficam aqui 3 estratégias:
- Associe a leitura a algo (um tema, uma área, um hobby) que tenha sentido para si e de que goste.
- Defina os objetivos da leitura: precisa de ler para aprender? Divertir-se? Desta feita, reduz o tipo de livros que deve procurar e diminui as suas escolhas, centrando-as no que mais lhe interessa e eliminando a dispersão.
- Antes de comprar / requisitar / pedir emprestado, faça consultas na Internet de modo a fazer uma opção consciente, baseada em opiniões e/ou críticas.
Conclusão
É certo que a leitura é uma atividade algo subjetiva. Como no cinema, não somos obrigados a gostar de obras galardoadas. Não devemos envergonhar-nos de desistir de um livro a meio, seja porque não estamos a entendê-lo, seja porque não gostamos do estilo e da escrita do autor (já aconteceu comigo pelas duas razões).
Importante é que sinta o prazer e os benefícios da leitura. A partir daí, o caminho faz-se lendo!